segunda-feira, 17 de março de 2014

Retrato de determinação - por Daniel Luz

Na coluna "Recarregando a Bateria Humana" desta semana...

“Você pode superar os obstáculos em seu caminho se for determinado, corajoso e trabalhador. Nunca receie. Seja decidido, mas nunca amargo. A amargura servirá somente para deformar sua personalidade. Não permita que ninguém o desestimule de lutar pelos objetivos que escolheu para si. Não tenha medo de ser o pioneiro, de desbravar novos campos de atividade.” - Ralph Johnson Bunche, 1903 – 1971 Premio Nobel da paz de 1940.

Retrato de determinação

“Ainda estou determinada a ser alegre e feliz em qualquer situação que possa estar, pois aprendi com a experiência que a maior parte da nossa felicidade ou tristeza depende das nossas disposições e não das circunstancias.” - Martha Washington, 1731 – 1802, a primeira das primeiras-damas dos EUA.

Sempre que penso em prosseguir com determinação, em perseguir um objetivo e alcançar vitória diante de situações insuportáveis, o nome de Wilma Rudolf  surge em minha mente.
(Martha DandridgeCustis Washington, mais comumente conhecida por Martha Washington (21 de julho de 1731 — 22 de maio de 1802) foi a esposa do 1º presidente estadunidense George Washington, e por conseguinte, a 1ª primeira-dama da nação estadunidense.
Wilma Glodean Rudolph (Clarksville, 23 de junho de 1940 — Brentwood, 12 de novembro de 1994) foi uma atleta norte-americana que, portadora de poliomielite na infância, conquistou três medalhas de ouro como velocista nos Jogos Olímpicos de Roma em 1960.)

Desde seu nascimento parecia que Wilma já tinha sofrido mais que merecia. Ela era a vigésima criança de 22 filhos nascidos de uma família afro-americana do Tennessee. Conhecida como“a criança mais doente de Clarksville”, Wilma teve sarampo, caxumba, catapora, pneumonia aguda e febre escarlate. Aos quatro anos de idade, ela contraiu poliomielite, o que deixou sua perna esquerda paralisada. Aos cinco anos, Wilma começou a usar um suporte mecânico na perna. Sua pobre saúde impediu-a de fazer o jardim da infância, então ela entrou na escola no ensino fundamental. Em sua autobiografia, Wilma explica que frequentou uma escola diferenciada, mas seu cabelo vermelho e suas marcas na pele junto com sua perna de suporte metálico a faziam sentir-se uma estranha entre os colegas. As braçadeiras de metal na perna, os olhares atentos das outras crianças do bairro, e o tratamento de seis anos, viajando de ônibus a Nashville, poderiam ter levado essa menina para uma concha criada por si mesma.
Mas Wilma recusou tudo isto.
Wilma continuou sonhando.
Ela estava determinada a não permitir que sua deficiência interrompesse o caminho de seus sonhos. Talvez sua determinação fosse gerada pela fé de sua mãe cristã que frequentemente dizia: “Querida, a coisa mais importante na vida é você acreditar nisso e continuar tentando”.
Aos onze anos, Wilma decidiu “acreditar nisso”. E por absoluta determinação e um espírito indomável para perseverar, a despeito de todas as dificuldades, ela se obrigou a aprender a caminhar sem braçadeiras de metal.
Aos doze anos, ela fez uma descoberta maravilhosa: as meninas podiam correr e pular, tambémjogar bola exatamente igual aos meninos! Sua irmã mais velha, Yvonne, era muito boa em basquete, então Wilma decidiu desafiá-la nas quadras. Ela começou a melhorar. As duas, no final das contas, foram para mesmo time da escola. Yvonne foi escalada para a seleção da escola, mas Wilma não. Mas o painão permitia que Yvonne viajasse com o time sem a irmã como acompanhante, Wilma estava frequentementena presença do treinador.
Um dia ela criou coragem para confrontar o homem com sua magnífica obsessão – seu sonho de vida. Ela revelou: “Se você me der dez minutos de seu tempo todo dia – apenas dez minutos – eu lhe darei um atleta de classe mundial”.
Ele aceitou sua oferta. O resultado da história é que a jovem Wilma finalmente ganhou uma posição titular no time de basquete; e quando terminou aquela temporada, ela decidiu tentar se classificar em um teste na equipe de pista. Que decisão!
Em sua primeira corrida, ela superou sua amiga. Depois ela superou todas as meninas em sua escola de segundo grau... depois, todas as meninas da escola do segundo grau do estado do Tennessee. Wilma Tinha apenas catorze anos, mas já era uma campeã.

Logo depois, embora ainda estivesse no segundo grau, ela foi convidada para fazer parte da equipe de pista de Tigerbelle, da Universidade Estadual do Tennessee. Ela começou um sério programa de treinamento depois das aulas e nos fins de semana. Enquanto se aperfeiçoava, continuava a ganhar corridas curtas e de revezamento de cerca de 400 metros.
Dois anos depois ela foi convidada aparticipar das eliminatórias para as Olimpíadas. Ela foi classificada e correu nos jogos de Melbourne, Austrália, em 1956. Ela ganhou uma medalha de bronze, quando sua equipe foi a terceira colocada na corrida de revezamento de 400 metros – uma vitória agridoce. Ela havia ganhado – mas decidiu que da próxima vez ela iria “conseguir o ouro”.
Eu poderia saltar quatro anos e me apressar para chegar a Roma, mas isso não faria justiça à sua história toda. Wilma percebeu que a vitória ia requerer uma quantia enorme de compromisso, sacrifício e disciplina. Para dar a si mesma “a fôrma de campeão” como uma atleta de classe mundial ela começou um programa tipo “faça você mesmo”, semelhante ao que ela havia empregado para se livrar das braçadeiras de metal. Ela não só corria às seis e às dez horas todas as manhãs,  e às três horas todas as tarde, como também frequentemente escapava do dormitório pela saída de emergência das oito às dez horas da noite e corria na pista antes da hora de dormir. Semana após semana, mês após mês, Wilma mantinha o mesmo programa extenuante... durante mais de mil e duzentos dias.
Agora estamos prontos para Roma. Quando a jovem negra, suave e elegante, com apenas 20 anos, dirigiu-se para a pista, ela estava pronta. Ela havia pagado o preço. Até aqueles oitenta mil espectadores podiam sentir o espírito da vitória. Era eletrizante. Quando começou a corrida de curta distância, um canto cadenciado começou a emergir das arquibancadas: “Wilma... Wilma... WILMA!” A multidão estava confiante. E ela, não decepcionou, ganhou.
Ela voou para a vitória fácil na corrida de 100 metros. Então, ganhou a corrida de 200 metros. E, finalmente, levou a equipe feminina dos Estados Unidos à outra final, em que alcançou o primeiro lugar no revezamento de 400 metros. Três medalhasde ouro – a primeira mulher na história a ganhar três medalhas de ouro no atletismo. Eu deveria acrescentar que cada uma das três corridas foi vencida com novo recorde mundial.
A pequena garota de deficiente de Clarksville, Tennessee, era agora uma atleta de classe mundial. Wilma Rudolph havia decidido que não poderia permitir que sua deficiência a desqualificasse; em vez disso, ela escolheu pagar o preço da vitória e “conseguir o ouro”.
Se Wilma Rudolph pôde reunir a coragem para tirar aquelas braçadeiras de suas pernas e vencer um obstáculo após outro em sua busca, estou convencido de que também podemos. Você pode!
“Mas pera aí”, você diz. “Wilma Rudolf foi apenas outra vencedora. Ela chegou em primeiro lugar! Ela foi uma daquelas pessoas que alcança o topo e as outras pessoas comemoram. Nem todo mundo que deseja voltar a caminhar consegue. Nem todo mundo que treina duro para vencer uma olimpíada consegue levar a medalha de ouro”.
Isso é verdade. Mas a parte mais importante da história não são as medalhas de Wilma. Elas simplesmente levaram a incrível vida de Wilma para os olhos do mundo. Antes quando Wilma ainda era uma criança, seu objetivo não era ganhar uma medalha de ouro ou se tornar uma lenda olímpica. Na verdade, Wilmanunca tinha ouvido falar sobre as olimpíadas até completar dezesseis anos. Antes de começar a correr, seu objetivo era simplesmente – ver se poderia caminhar. Isso era algo que os médicos diziam nunca mais ser possível para ela. E ainda assim, Wilma alcançou seu objetivo, literalmente um passo de cada vez. E ela acabou levando o ouro olímpico de bônus.
A verdadeira competição de Wilma não era com os outros corredores. Ela estava competindo consigo mesma. Ao lidar com a auto-aceitação, ela tinha uma escolha a fazer: resignar-se ou comemorar. Ela escolheu a comemoração. Wilma enxergava além de quem ela era naquele momento, conseguia ver quem ela acreditava que poderia ser – alguém que ela acreditava que Deus a tinha criado para ser. Então, ela fez o que pôde para ajudar a si mesma a continuar e a crescer naquela direção.

Para recarregar a bateria:
Assim como Wilma, a história da sua vida é escrita um dia de cada vez. Você pode estar encarando grandes desafios. Você pode lutar em desvantagens, com deficiências ou desmotivação. Você pode não ter o apoio de uma família torcendo por você como Wilma teve quando era Jovem. Mas você não está só. Existe alguém torcendo por você. Alguém que conhece você por dentro e por fora. Alguém que entende qual é o seu lugar na grande figura da vida e sabe exatamente onde a peça do quebra cabeça, que é “você”, pertence. Ele quer lhe ajudar a se enxergar através dos seus olhos. Ele quer que você saiba que você é muito mais do que apenas “o bastante”.

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